domingo, 8 de março de 2015

Exposição de bancos públicos à Petrobras é de US$ 27 bilhões

A exposição dos bancos públicos à Petrobrás chega a US$ 27 bilhões, ou R$ 77,5 bilhões, em dívidas. A estimativa foi feita pela Moody's, agência de risco que rebaixou o rating da Petrobras na última terça-feira, 3. Desse valor, US$ 16,3 bilhões, ou R$ 46,7 bilhões, estariam no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mostra cruzamento de dados feito pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. O Banco do Brasil (BB) teria R$ 19,5 bilhões e a Caixa, R$ 11,3 bilhões.

Os bancos públicos, com o BNDES à frente, foram fartamente utilizados para financiar a Petrobras, sobretudo na fase aguda da crise internacional e são vistos agora como uma das poucas saídas para dar fôlego financeiro à estatal. De dezembro de 2005 a maio do ano passado, a Petrobrás contratou um total de R$ 63,6 bilhões em empréstimos junto ao BNDES, em diversos projetos, segundo levantamento feito no site da instituição de fomento.

Para justificar o apoio, o governo insistia no argumento de que a petroleira tinha baixo risco, mas o quadro vem mudando com as investigações da Operação Lava Jato e o atraso na divulgação do balanço financeiro - até hoje, a Petrobras não divulgou os resultados auditados do terceiro trimestre de 2014, um dos motivos apontados pela Moody's para o rebaixamento. À medida que a Lava Jato avança, cresce a preocupação do mercado com as dívidas de construtoras e fornecedores da cadeia de petróleo e gás. 

"Não é risco de quebra dos bancos, mas de perda de rentabilidade", diz João Augusto Salles, analista da consultoria carioca Lopes Filho, especializado do setor financeiro. Sob ameaça de calotes, explica Salles, os bancos, públicos e privados, terão que elevar os montantes que separam no balanço para arcar com perdas e, portanto, registrarão menos lucro.

Para as contas públicas, o risco maior é o Tesouro Nacional ser obrigado a fazer aportes para socorrer os bancos. Segundo o economista Gabriel Leal de Barros, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), aportes podem significar aumento da dívida pública, piorando os indicadores do País e ameaçando o "rating" soberano do Brasil nas agências de risco. "Novas emissões de dívida podem ser necessárias para tapar esse buraco", diz.

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