Numa sala apinhada de jornalistas do mundo todo aqui no circuito de Sakhir no Bahrein, Nico Rosberg passou 25 minutos respondendo a perguntas sobre sua postura após a corrida da China, ocorrida há cinco dias. Cada uma delas foi uma variação sobre o mesmo tema, mas no meio de suas respostas, veio uma de muita sabedoria. “Não adianta nada ficar martelando este assunto. Até porque nem foi algo tão grande assim, já passamos por tempos mais difíceis”.
A perspicaz observação veio na carona de outro tema tristemente amplificado pelos meios de comunicação. Os comentários de que Lewis Hamilton teve uma atitude sexista ao jogar champanhe sobre uma grid girl no pódio em Xangai foi ridicularizado pela própria, dizendo não entender tanto barulho por algo que durou um ou dois segundos.
O piloto da Mercedes também foi inteligente ao comentar o episódio. “Não sei as razões para as pessoas levantarem este tipo de questão, mas este é um esporte que as pessoas amam e quanto mais mostrarmos personalidade e espírito de diversão, isso pode refletir o quão grande é o esporte. É o que tento fazer”.
Não há nada de errado destacar episódios negativos quando eles são relevantes e a polêmica interna da Mercedes certamente era – o do pódio, definitivamente não era. Mas a reação dos jornalistas na entrevista de Rosberg mostra que nenhum de nós estava preparado para aceitar que o time realmente havia esclarecido internamente a questão. E isto é algo para se pensar.
No fundo, é uma pena que o foco da cobertura mundial não esteja centrado no assunto mais interessante. A performance da Ferrari nas primeiras corridas mostra que o campeonato será muito mais disputado do que todos esperavam ao final de uma pré-temporada amplamente dominada pelas Mercedes. Passado o frio do inverno europeu, as condições normais da temporada mostram que o carro dos italianos tem pontos fortes para ameaçar a supremacia – monótona para muitos – imprimida pela Mercedes no ano passado.
Isso é esporte.
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